Os obstáculos de ser negra no mercado artístico
Por Guilherme Eiji Gama Kawakami, aluno do 1º ano do Ensino Médio
Vivemos em um mundo completamente globalizado, onde o acesso à informação é praticamente coercitivo para toda a população. A evolução do entretenimento (rádio, TV, filmes e séries televisivas, redes sociais, novelas, reality shows), evidenciou um grande salto informativo quando decidiu implantar a propagação da conscientização social por meio de seus conteúdos.
Porém, o grande dilema é: se para mulheres se destacarem nesse meio já é difícil, como classificar a vida artística de uma mulher negra?
O fato de existirem muitas instituições batalhando para um se sobressair da negritude feminina, tal como o Instituto Tomie Ohtake com o seu projeto “Experiências Negras – Debates, Cultura e Arte”, representa oportunidades iguais para todos? O papel de toda e qualquer mulher na sociedade é igual, independentemente de suas raízes vistas como contraditórias?
Em 2020, uma pesquisa realizada pelo SPFW (São Paulo Fashion Week), indicou que 40% do seu elenco era composto por pessoas negras. Esse equilíbrio étnico nem sempre existiu e demorou bastante para se instaurar, já que muitos acreditam que as passarelas de moda devem seguir uma estética padronizada e tendencial, ou seja, o típico estereótipo de uma mulher branca, loira de olhos claros e totalmente aceita socialmente por ser ocidentalmente considerada bela.
“Se você desistir porque é negra e é mulher, não chega a lugar algum”
Elza Soares, durante uma entrevista
A cantora Elza Soares é um exemplo da participação da mulher negra na música popular brasileira. Ela ganhou um forte reconhecimento devido à sua origem periférica, ora no rap, ora no samba (vertentes oriundas da negritude). Transformou a sua luta não apenas no combate ao racismo, afinal, seu interesse maior era encaminhar mais mulheres para os vieses artísticos, uma vez que pregavam a valorização musical e a inspiração para as pretas de todo o mundo.
No século XVIII, houve uma multiplicação de cidadãos afrodescendentes, lutando pelos seus direitos. Dentre eles Tereza de Benguela, líder quilombola que reivindicou suas condições abolicionistas, resistindo à escravidão por mais de duas décadas e tornando-se escritora.
O longa-metragem “Lionheart”, protagonizado por Genevieve Nnaji, conta a história de uma mulher negra obrigada a chefiar uma empresa masculina após o falecimento de seu pai, mostrando que a história vai muito além de liderar, e sim da possibilidade de criar e usufruir de recursos para então servir de base para outros projetos humanistas futuros.
Isto nos faz lembrar de alguns exemplos de criações que não existiriam sem a intervenção da mulher negra, como: o GPS, os filmes 3D, sistemas de segurança doméstica, etc.
O importante é ter em mente que não estamos discutindo uma questão de superioridade, mas sim de igualdade, seja ela representativa, comportamental ou socioeconômica. E o sistema educacional deveria investir na disseminação do conhecimento sobre os atos das mulheres que são e foram injustiçadas por muito tempo. Um governo mais pró-ativo ,nesse sentido, seria útil para o enaltecimento das principais lembranças de tudo o que elas nos proporcionaram.
Conclui-se, então, que viver de arte é bem fadado a muitas aversões. E, quando você é mulher e negra, precisa ser ainda mais forte.