Modernidade líquida

Por Bruno Aquino Chopis Santa Cruz, aluno do 3º ano do Ensino Médio

Existe um conceito, pautado há algum tempo, mas que chegou atrasado ao Brasil. O artigo tenta, ao menos um pouco, diminuir esse atraso. Estamos falando da Modernidade Líquida. 

A definição de Modernidade Líquida foi dada pelo famoso sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), que discorreu cerca de 40 livros sobre o tema. O conceito tenta entender o mundo contemporâneo, analisando suas características e procurando defini-lo. O estudo é amplo e profundo, permeando vários aspectos da sociedade do século XXI. Aqui, porém, serão destacados os principais pontos do conceito de Bauman. 

A Volatilidade inclui mudanças rápidas e substanciais, que acontecem em um curto espaço de tempo e é uma das características do mundo em que vivemos. De 1810 até 1820, não houve mudanças estruturais no mundo. De 2010 até 2020, todavia, o mundo mudou significativamente. 

Nesse curto período de dez anos, surgiu o Whatsapp, o Instagram e o Twitter, enquanto o Orkut, por sua vez, desapareceu. Outra consequência dessas mudanças rápidas é a incerteza em relação ao futuro. 

Como a sociedade se altera bruscamente em um curto período, não sabemos se os pilares, as potências mundiais e aquilo que é importante hoje, continuará sendo em uma década. Também não sabemos o que será do futuro da profissão que mais emprega hoje. E nem qual será o destino da maior empresa mundial em quinze anos. 

Logo, como diria Bauman, a incerteza é a nossa única certeza, a mudança é a nossa única convicção. E uma vez que não sabemos nada sobre o futuro, apenas que ele mudará, a característica definida por Bauman, como essencial, é o aprendizado contínuo, a adaptação constante ao mundo. 

Outra característica da modernidade líquida é a cultura do “eu”. Segundo Bauman, o advento das redes sociais fez com que todas as dificuldades características do mundo offline fossem extintas com apenas um clique. 

Pessoas que terminam o relacionamento pelo celular, pessoas que, com mínimas contrariedades, bloqueiam seus contatos, os discursos de ódio, são alguns exemplos de maneiras para evitar o desconforto que é a realidade. 

Além disso, existe o fenômeno do “eco da própria voz” ou “corredor de espelhos”, onde somos reforçados com o que gostamos, concordamos, pensamos, e aquilo que é contrário a nós, desligamos com um clique. 

Outra questão importante é a contemporaneidade, que é a ausência de um padrão único, de um modelo cultural, o que nos leva ao multiculturalismo. Assim, passamos a ter uma gama de variedades culturais e comportamentais. 

As famílias, que na primeira metade do século XX eram compostas por um pai que trabalhava fora, uma mãe dona de casa e três ou quatro filhos, hoje deu lugar a uma grande variedade. Existem famílias compostas por uma pessoa, amigos, padrastos e madrastas, mãe divorciada e o filho, pessoas que casaram novamente e muitas outras variações. 

Antes, o casamento era caracterizado por ser heterossexual, obrigatório, monogâmico e impossível de ocorrer o divórcio. Atualmente, o casamento pode ser homossexual, transexual, poligâmico, não obrigatório, e o divórcio se tornou mais simples. Ou seja, não existe mais um padrão estrito para os valores culturais, o que gera, como consequência, um multiculturalismo nunca antes visto. 

Portanto, em um mundo volátil, individualista e multicultural, se mostra mais do que necessária a convicção de que, mais do que nunca, a educação constante, a busca por conhecimento e a tolerância são ingredientes indispensáveis para a sobrevivência.

Escola Nossa Senhora das Graças © 1958 - 2023. Todos os direitos reservados