Autora Flávia Muniz dá dicas e conta sobre o seu trabalho

O dia 18 de abril de 1882 é uma data importante para a literatura brasileira, já que neste dia nasceu o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira, e responsável por criar o Sítio do Pica Pau Amarelo, repleto de personagens, que acompanharam e ainda acompanham a infância de muitas pessoas.

Esse dia, além de ser uma oportunidade para homenagear Monteiro Lobato e sua obra para crianças, é também uma oportunidade de celebrar os autores e autoras desse gênero e discutir a importância da literatura infantil na cultura brasileira e do hábito da leitura, desde cedo. Para comemorarmos essa data, conversamos com a escritora brasileira Flávia Muniz, Bacharel em Pedagogia pela PUC-SP, Orientadora Educacional e Coordenadora Pedagógica, que nos deu dicas sobre a leitura infantil e destacou a importância do conhecimento científico e artístico: “Acredito que a curiosidade científica é uma qualidade que devemos incentivar nos estudantes de modo geral. E ter em conta de que a arte, o pensamento criativo, assim como a ciência e a tecnologia dependem muito do quanto (e com o quê) alimentamos a nossa imaginação”.

O que te levou a ser autora? Como surgiu essa vontade de escrever para crianças e jovens?

Surgiu na sala de aula por conta das atividades de leitura e interpretação de texto com os estudantes. Sempre gostei de ler e de contar histórias e inseri essa prática nas aulas de Língua Portuguesa. Líamos histórias escolhidas pelos alunos, após um trabalho de apresentação da obra e breve resenha. Ao final, eles avaliavam a obra lida oralmente, depois passavam a escrever críticas e dar depoimentos sobre as leituras.

De onde vêm suas inspirações para as suas obras?

Ah, de muitos momentos diferentes. O convívio com crianças me deixou mais ágil para prestar atenção no que elas gostam. Mas presto atenção em tudo o que acontece. Vejo filmes, leio revistas e certos assuntos me chegam desse modo. Também há certo apelo interior a alguns temas que me preocupam ou se mostram interessantes de serem explorados, pesquisados.

Quando você era criança tinha o hábito da leitura?  

Sim! Tinha muito interesse por histórias. Lia gibis e livros. Gostava de histórias fantásticas e de suspense. Ouvia histórias nos discos que acompanhavam os livros. Era bem divertido! Tive sorte de nascer em uma família que adorava contar histórias, uma tia que me encantou nas noites de férias da escola. Meu pai também escreve poesias, letras de música e sempre me incentivou. Minha mãe tocava piano muito bem.  Eu sempre gostei de cinema e de teatro… É arte por todo o lado!

Quais dicas você poderia dar para quem quer criar esse hábito?

Todo hábito se forma com a repetição de um comportamento, como sabemos. Mas para manter o comportamento do leitor, sugiro variar e explorar as várias formas de arte, conhecer a vida e obra dos artistas e o que fizeram de importante em suas áreas. Isso mostra modelos, diversidade, caminhos variados, incentiva a conhecer o belo e o desejável, ensina a APRECIAR A ARTE.

Qual a importância de ler para as crianças e incentivá-las?

Tem a maior importância.  É um comprometimento que todos, educadores, família e cuidadores deveriam ter desde a primeira infância, incentivar e manter durante todo o período escolar. É a formação leitora, o repertório que o estudante acumulará para toda a vida. É autonomia e independência, é sensibilidade, desenvolvimento da imaginação e conhecimento, entre todos os outros benefícios emocionais, morais e éticos.

Como a leitura pode ajudar no desenvolvimento da criança e do jovem?

A partir de sua própria natureza, a leitura permanente e crescente de boas obras literárias servirá a muitas funções pela vida afora de qualquer pessoa, mas a que julgo mais valiosa é a educação da sensibilidade artística.

Neste sábado, dia 18, comemoramos o Dia Nacional do Livro Infantil. Quais são suas indicações de leitura para comemorarmos juntos essa data?

São muitas! Citarei alguns clássicos preferidos e outros contemporâneos:
– Os 12 trabalhos de Hércules / O minotauro  (Monteiro Lobato);
– O gênio do crime (João Carlos Marinho);
– Meu pé de laranja lima (José Mauro de Vasconcelos);
– Os três mosqueteiros (Dumas);
– Drácula (Stoker);
– Frankenstein (Mary Shelley);
– Admirável Mundo Novo (Huxley);
-De repente, nas profundezas do bosque (Amós Oz)

  • Biografias de artistas, cientistas e estudiosos, os grandes benfeitores da humanidade, que dedicaram a vida às descobertas valiosas que fazem o mundo melhor.

Alguma dica para os pais entreterem os filhos nessa quarentena com a leitura?

Além de ler com eles, claro, assistir a alguns documentários sobre o universo, os povos e seus costumes, pessoas e suas realizações,  a natureza e suas manifestações, o corpo humano, o desenvolvimento do cérebro – o modo como aprende. Há séries científicas muito interessantes, que elevam o espírito. As crianças necessitam conhecer as boas realizações humanas, como as invenções se deram e de que maneira os conhecimentos evoluíram com o tempo.

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